segunda-feira, 7 de julho de 2008

ELIABE, O HOMEM QUE DEUS REJEITOU.

ELIABE, O HOMEM QUE DEUS REJEITOU

Rev. Josivaldo de França Pereira

"Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o Senhor o seu ungido. Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração" (1 Sm 16.6,7).
Tudo aconteceu por volta do ano 1000 a. C. A nação de Israel estava um caos. Crises de todos os tipos e tamanhos assolavam as tribos de Jacó. Saul, o primeiro rei de Israel, perdera completamente o rumo e a direção do seu governo. As constantes desobediências do monarca para com o Senhor o fez perder definitivamente o domínio da nação. Deus rejeita Saul e escolhe um novo sucessor.Quando Samuel, o grande juiz e profeta de Israel, partiu para Belém a fim de ungir um dos filhos de Jessé, Deus não havia revelado ao seu profeta que filho de Jessé ele deveria ungir.Samuel tinha verdadeira intimidade com Deus, por isso, assim que viu Eliabe achou que naquele momento o seu coração também fosse um só com Deus. Mas estava enganado. A Bíblia relata: "Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o Senhor o seu ungido". O que levou Samuel a pensar assim? Eliabe era um jovem de boa aparência e estatura, o que por certo lembrava Saul. Um sucessor que lembrasse algo de bom do seu antecessor aparentemente faria uma transição de governo menos traumática. Mal sabia Samuel que Deus queria apagar de diante de Si qualquer referência a Saul. Outra questão que Samuel deve ter considerado favorável a Eliabe era o fato dele ser o filho mais velho de Jessé. Nos tempos bíblicos era comum conceder ao primogênito honra dobrada. Na ausência do pai o primogênito era revestido de autoridade sobre os seus irmãos. Sua posição só era inferior a de seu pai. O privilégio de ser o primogênito era grandemente apreciado. O primogênito perdia seus direitos de primogenitura em caso de algo muito grave cometido por ele. Tudo indica que aos olhos de Deus Eliabe não era mais o primogênito no verdadeiro sentido do termo.Mas é evidente que o motivo principal de Samuel pensar que Eliabe fosse o ungido do Senhor foi dito pelo próprio Deus: "Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração". Será que Samuel acreditava que o porte físico era o critério de Deus para a escolha de um rei, conforme 1 Samuel 10.24? E será que o próprio Samuel se deixou levar simplesmente pela aparência e estatura de Eliabe? Lembremos que Israel passava por uma crise tremenda. Religiosa e politicamente a nação não estava bem. Era preciso reverter este quadro tenebroso o quanto antes. O povo não agüentava mais. Samuel não agüentava mais. No entanto, os caminhos de Deus não são os nossos caminhos e os pensamentos de Deus não são o nossos pensamentos (cf. Is 55.8). Acredita-se que desde o momento da unção de Davi até sua subida ao trono houve no mínimo um período de aproximadamente quinze anos. Quer dizer, Deus levaria quinze anos para restaurar Israel. E por que? Porque Deus sabe o que faz e como faz. Por isso Ele age no tempo certo. Não chega antes e nem depois. Deus age na hora certa!Contudo, não era simplesmente a beleza de Eliabe que fez com que Samuel pensasse que ele fosse o sucessor de Saul, mas sim, o fato de Eliabe ser um homem feito. Estava pronto para subir ao trono naquele mesmo dia e no dia seguinte por a casa em ordem. Certamente os planos de Deus eram outros, como Samuel logo haveria de compreender. Ficaremos sem saber ao certo porquê Deus rejeitou Eliabe. Seria esta rejeição a mesma nos moldes daquela destacada por Paulo em Romanos 9 quando se referindo a Esaú e Jacó ele diz: "Como está escrito: Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú" (Rm 9.13)? É certo que não, visto que em Romanos Paulo está tratando da "eleição da graça" (cf Rm 11.5) ou, como ele mesmo explica, "E se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça" (Rm 11.6).Enquanto no caso de Esaú sua rejeição por parte de Deus foi sem obras, em 1 Samuel 16,7 a rejeição de Eliabe foi por obras. Eliabe fez alguma coisa que o desqualificou para sempre diante de Deus como o provável sucessor de Saul. Seria Eliabe um mal caráter? Teria Deus rejeitado Eliabe por alguma coisa de errado que este pensara ou fizera contra Davi? Não sabemos ao certo. O que sabemos com certeza é que Deus não queria Eliabe como rei do Seu povo. Deus vê o coração. O coração de Eliabe não foi reto para com o Senhor, como seria o de Davi, o homem segundo o coração de Deus.O único diálogo de Eliabe com Davi registrado na Bíblia não é dos melhores. Quando Jessé enviou Davi a seus irmãos com mantimento porque estavam num acampamento militar, e Davi começou a se interessar com o que ali estava se passando, "Ouvindo-o Eliabe, seu irmão mais velho, falar àqueles homens, acendeu-se-lhe a ira contra Davi, e disse: Por que desceste aqui? E a quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção, e a tua maldade: desceste apenas para ver a peleja. Respondeu Davi: Que fiz eu agora? Fiz somente uma pergunta" (1 Sm 17.28,29).A pergunta de Davi: "Que fiz eu agora?", sugere que seu irmão mais velho o perturbava a algum tempo.Moral desta história: As aparências enganam, mas Deus conhece os corações. Rev. Josivaldo de França Pereira - Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil (I.P.B.) em Santo André - SP. Bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição (J.M.C. - SP), Licenciado em filosofia pela F.A.I. (Faculdades Associadas Ipiranga - SP) e mestrando em missiologia pelo Seminário Teológico Sul Americano (S.T.S.A.) em Londrina - PR.E-Mail: rev.p@ig.com.br

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